"As piras de Angel..."

Dedico este blog ao Amor e às incógnitas da vida, responsáveis pelos mais belos insights. Caminhando rumo à evolução do corpo, da mente e da alma, eternamente...

"Espíritos fortalecidos de paz deixavam de chorar, neste tempo, grandes energias passeavam aos corações. Fomos lançados ao infinito..."

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Minha inspiração...



A melhor fase da vida...

Fase em que tive a bênção de ser mãe.

Filha, gratidão por tudo isto que estou vivendo...por todos os melhores sentimentos... gratidão por você "simplesmente" existir!

A melhor fase da vida...

É um paradoxo pensar que me encontro justamente nesta fase sem a presença da pessoa que sempre foi a mais importante da minha vida, minha mãe.

Minha mãe...
Não há palavras para descrever esta mulher. Dedicou sua vida à sua família, à seus filhos, que eram seu bem mais precioso.
Com ela não havia tempo ruim, mulher linda, olhos grandes e azuis, mulher forte, alegre, decidida, mãe de três filhos, avó da Yasmin.

Se eu pudesse diria à ela que ela faz uma falta imensa aqui... mas que também sou imensamente grata por ter tido a sorte de ter uma mãe maravilhosa como ela.
Uma mãe que faleceu jovem, aos seus 50 anos de idade, mas que eu preferia tê-la assim mesmo a ter outra mãe que chegasse aos 80 anos.
E desde o dia do sepultamento, naquela tarde ensolarada do dia 2 de julho de 2018, já em casa deitada na cama com um sentimento profundamente negativo da perda, fui abençoada com um sentimento oposto, um sentimento de que minha mãe jamais deixou a peteca cair, jamais se entregou no sofrimento, mesmo diante de difíceis momentos. Já a vi chorar sim, mas nunca entregue naquela tristeza. Ela só não resistiu quando estava na cama do hospital dias antes de falecer, seu corpo já não mais permitia resistir, mas sua vontade de vida era imensa, jamais se entregou. E foi por este mesmo sentimento mágico de força que fui dominada naquele instante, de repente, naquele fim de uma tarde de sol, pelo sentimento de não deixar a peteca cair.

Imediatamente me levantei da cama.
Haviam louças para lavar, cama para arrumar, e uma vida a continuar.

E aqui estou desde então. Só pode ser coisa dela, talvez de Deus, mas é dela. Não pode ser humana uma força repentina como aquela.

Chorei sim, vivenciei a dor do luto, mas não me afundei nele e sou muito grata à isso.

É na presença da força da minha mãe que existe também a minha.
É me espelhando na mãe maravilhosa que ela foi que pretendo ser para Yasmin ao menos um pouco do que ela foi pra mim.


É com este sorriso e esta ALEGRIA que pretendo viver e cuidar da minha filha por toda a minha vida! E além.
Como sempre dizíamos uma para a outra: Te amo infinito...

Ela conheceu Yasmin...

Eu estava grávida de 6 meses quando minha mãe se foi.

Passei toda a minha gestação entre visitas e mais visitas ao hospital. Internada, minha mãe dizia para eu deitar com as pernas para cima em casa e tomar um chá, mas não era possível.
Mal sabia ela que eu estava numa correria imensa entre hospital e minha rotina de grávida. Mas eu fazia tudo com todo o meu coração.

Não foi uma gestação tranquila, minha mãe estava na sua pior fase física em toda a vida, com os sintomas da doença agravados.

Yasmin é forte.

Passou por tudo isso dentro da minha barriga.
Minha mãe passou por uma cirurgia de retirada dos ovários quando eu estava no primeiro mês de gestação, mas ainda não sabia que estava grávida.
Na recepção do centro cirúrgico, foi uma espera tomada por aflição e ansiedade.
Na cirurgia ocorreu tudo bem, mas mal sabíamos nós tanto da gravidez como que os sintomas da doença viriam a piorar em poucas semanas.

Ela soube da Yasmin...

Fraca, sentada no sofá da sala e com dores, ela derramou um choro forte de emoção, euforia e alegria quando disse à ela que ela seria avó.



Fizemos um bolão com a família sobre qual seria o sexo do bebê...essas são as mensagens que minha mãe escreveu lá no grupo do bolão...




Minha mãe foi a que chegou mais próxima do resultado correto! (sexo e dia do nascimento). Não houve um ganhador.

No aniversário de 50 anos da mamy dia 03/03/2018, quatro meses antes dela falecer, fizemos uma festa surpresa pra ela apenas com a família. Ela chorou de emoção assim que viu a surpresa e disse que nunca na vida teve uma festa surpresa. Ironia pensar que foi a primeira mas também sua última festa de aniversário. Compramos muitas decorações diferentes, organizanos tudo para que ela tivesse uma festa especial, mas todo trabalho valeu muito a pena!
Essa talvez seja a única foto em que Yasmin aparece dentro da minha barriga ao lado da vovó tão amada!
Eu estava grávida de 2 pra 3 meses.









Dias depois, quando descobrimos que era uma menina...


Por diversas vezes nas minhas visitas ao hospital, ela acariciava delicadamente minha barriga de uns 5 meses, com as pontinhas dos seus dedos em um movimento de fechar e abrir as mãos e dizia: "Cuida dela". Era muito especial sentir o toque das suas unhas com as pontas dos dedos. Emocionante. Eu tinha que fazer um esforço para não chorar na frente dela.
Ela disse também por algumas vezes: "Tenho que estar mais forte quando Yasmin nascer pra poder pegar ela no colo".  Assim como também disse que se ela pudesse ir no chá de bebê, iria colocar uma roupa bem linda. Daí falei pra ela não se preocupar com o chá que talvez eu nem fizesse (por tudo que estava vivendo com minha mãe, eu não tinha condições de ver nada de chá, nem ânimo e nem vontade), foi então que ela me disse pra fazer o chá sim, independente de como ela estivesse, falou que a Yasmin não poderia ficar sem chá o chazinho dela. Aquilo me doía por dentro, mas eu não tinha o direito de passar ainda mais tristeza pra ela, por isso eu procurava sorrir ao lado dela.
Depois que ela nos deixou, respirei fundo e fui atrás de tudo para o chá, vi tudo praticamente sozinha, nos meus dois últimos meses de gestação, meu irmão e minha cunhada ajudaram com algumas coisas, minha avó e minha irmã com as lembrancinhas, e meu marido claro que sempre foi parceiro em tudo.  Fizemos uma festa grande e por isso o trabalho também foi grande. O chá acabou ficando para o último mês, no mesmo mês em que a Yasmin nasceu.

Como ela falava da netinha...
Dizia pra eu tomar cuidado pra não cair, pra eu descansar. Me proibiu de subir e descer escadas.

Ela conheceu Yasmin....

Foi quando levei o vídeo da ecografia gravada pra ela ver no notebook no quarto do hospital.
A alegria dela em ver a netinha, mesmo que por aquelas imagens, era imensa!

Ela assistiu sentadinha na lateral da cama do hospital, apoiamos o notebook na mesinha onde ela fazia as refeições.

Essa foi a última vez que ela pode ver a netinha.




Quando ela perguntava que tamanho estava a Yasmin, eu comparava com o de um limão, pois era o que dizia na internet.

E fica na minha lembrança algo que ela sempre me perguntava:
"Como está o meu limãozinho? "



Dia 05/06/2018, menos de um mês antes da mamy falecer, registramos essa foto na minha casa.
Foi no dia em que levamos mamy numa consulta médica na clínica, entre os internamentos. Os médicos não imaginavam que ela iria para casa, mas conseguiu devido à uma melhora inexplicável.
Foi pra casa, mesmo assim continuou bem fraquinha, ficou pouco menos que duas semanas em casa e infelizmente piorou novamente, retornando ao hospital pela última vez.
Neste dia após a consulta na clínica, havíamos combinado de ir até a minha casa depois pra vermos as roupinhas que Yasmin ganhou até então. Foi a primeira e única vez que minha amada mãe conseguiu ver as roupinhas da netinha.



Um dia antes, 04/06/2018, eu e Ale fizemos o convite pra Paty ser a madrinha, curioso que mamy chorou muito durante o convite, emocionada em ter vivenciado aquele momento.
Entre os internamentos, ela dormiu na casa dos meus avós, pois ela precisava muito de cuidados e carinho.
Uma noite em que o Ale teve plantão aproveitei pra dormir lá, dormi no sofá cama de casal junto com ela, de mãos dadas... nessa fase ela dizia que queria apertar nossas mãos, que se sentia segura. Os sintomas da doença eram muito cruéis com ela.
Mas que bom que ela pôde sair do hospital um pouco pra viver momentos especiaias, mesmo que poucos dias com a família.

No dia em que ela nos deixou, eu segurava na sua mão esquerda quando pude ver seu último suspiro... e ouvir a última batida do coração. Sim... era como se eu pudesse ouvir.
Mix de sentimentos...
Aceitação... força... angústia... indignação pela injustiça por aquilo tudo... e mais... eu sentia muito mais sentimentos... sentimentos sem nome, indefiníveis.

Hoje só tenho a agradecer pela pessoa iluminada que tive a bênção de ter como mãe.
Ficam as lembranças tão fortes de detalhes vividos...

As sopinhas que ela preparou inúmeras vezes quando estávamos doentes.
Os lanchinhos saudáveis na lancheira pra levarmos pra escola... sanduíche com tomate... suco de laranja natural que ela fazia em casa.
As manhãs despertadas por ela... ela deitava na cama de cada um por uns minutinhos antes de se arrumar pra ir para o colégio. Era tão bom que tanto nós quanto ela, tínhamos vontade de ficar ali sem ver o tempo passar, mas o colégio esperava e a escola também era importante.
As bolachinhas caseiras que ela fazia...
Os pães caseiros... quentinhos saindo do forno.
Os beijos... os abraços...
As festinhas de aniversário que ela preparava com amor, sem reclamar do trabalho... e olha que a sujeira ficava toda em casa... não existiam buffets... ela dizia que no final, tinha brigadeiro até na cama.
As voltas e voltas de carro naquelas ruas tranquilas da praia pra ensinar a dirigir. Era tão bom aprender com ela... Era paciente, não brigava, entendia que éramos crianças (sim, eu aprendi a dirigir quando criança) e que não nascemos sabendo tudo aquilo. Só falou mais firme quando teve que puxar o freio de mão pois eu ia reto a toda velocidade direto pra valeta! Eu chorei pelo que fiz sem querer, não pela bronca leve dela.
As cestinhas de Páscoa que era fazia todo ano pra nós... fazia toda a confecção.
O tempo foi passando... e o cuidado continuando... se transformando...
Eram as noites que ela buscava e levava pra balada...
Chegávamos em casa de madrugada famintas, e quando ela estava acordada, lá estava ela feliz pronta pra ouvir nossas novidades... se tínhamos nos divertido, as músicas que dançamos... se tínhamos beijado algum rapaz, ou fazendo fofoca de alguma menina chata ou invejosa que la encontramos. E fazendo um lanche na mesa da cozinha, conversávamos, ríamos juntas madrugada a dentro.
As caminhadas na praia....
Depois veio a doença dela... e com ela consultas médicas toda semana juntas...
Viagens pra exames...
Mas também foi aí que iniciaram os brindes... com copo de água, suco ou cafezinho...
Foram muitos e muitos cafezinhos fim de tarde... não perdíamos oportunidades.
Encontros de última hora na sorveteria...
No almoço...
Na confeitaria...
Pra ver um filme com pipoca e lemon pepper no qual ela quase sempre dormia...
Ou simplesmente pra ver as lindas cerejeiras na praça.
Tudo se tornou mais intenso. Mais profundamente vivido.
Pequenos momentos tornaram-se grandes eventos.
E é assim que vivo até hoje e que espero sempre viver.



Impossível escrever todas as lembranças... São inúmeras!

Educou seus filhos de maneira leve, tranquila, sem muito rigor e grandes disciplinas. Mas sempre soube dizer não. Ela focava mais nas consequências... "vc pode fazer isso ou aquilo, mas arque com as consequencias depois"
Conclusão: eu não queria fazer coisas erradas... seja usar drogas, sexo precoce ou sem cuidados... eu simplesmente me afastava dessas coisas porque nao seria bom pra mim, e não por medo da autoridade da minha mãe. Talvez por isso eu tenha demorado mais pra dar o primeiro beijo ou ter tido a primeira vez... porque eu não queria beijar qualquer um.
Eu não me interessava por drogas, não por medo do que ela diria, mas porque eu simplesmente não queria... até porque a primeira vez que experimentei algo depois de adulta ela foi uma das primeiras pessoas a saber. Ela sempre soube.

Hoje como mãe posso dizer que li livros e artigos sobre educação, e a que mais me identifico é a educação feita por ela. E não é porque foi minha mãe, mas é porque educou com todo o coração, e tudo aquilo que fazemos com o coração é o melhor caminho a se seguir.
Sim, sempre há o que melhorar... perfeição não existe.
Ela não leu livros a respeito, pelo contrário, engravidou e desde muito cedo teve muitas responsabilidades. Jamais tercerizou, ela não gostava de deixar seus filhos com outras pessoas, mesmo que da família, pois ela dizia que a infância passa muito rápido e ela queria aproveitar aquilo tudo.
Quando criança eu assistia à novelas com ela, e nem por isso sou menos inteligente, que bom que era!
A cama tínhamos que arrumar nós mesmos.
Eu e meus irmãos éramos crianças muito educadas... todos diziam isso. Coisas simples... jamais pedimos comida na casa de visitas, sabíamos onde era o nosso lugar, mesmo tendo muita liberdade.
Ajudar nas coisas de casa, na louça e brincar  estavam em primeiro lugar. E como eu brincava. Cantava... inventava letras de músicas.... dançava... dançava muito ao som alto, ela deixava, feliz sem reclamar nada.
Eu não era nenhuma intelectual que desde bebê lia livros, e talvez isso seja muito para uma criança. Eu lia gibis, livros sobre animais, sobre astronomia com imagens das galáxias. Eu mais observava as imagens do que lia, claro. E brincava... pegava na terra, na grama, abraçava e subia nas árvores do quintal, pisava na areia, mergulhava no mar, na piscina... me sentia sereia.

Ela sempre teve uma sensibilidade maior, e isso eu sempre tive assim como ela.
Sempre fomos uma sintonia da outra, apesar de diferentes em personalidade. Eu complicava as coisas... dramatizava... ela ja era prática e descomplicada. Jamais emburrava!
E isso foi o que mais aprendi com ela nessa vida... a descomplicar... muito já melhorei... mas sempre há o que melhorar mais!
Ela tinha um sexto sentido aguçado... eu também sempre tive.
Até coincidências com borboleta já tivemos... uma delas relatei aqui no blog, até hoje não entendi qual o significado dela, qual a mensagem. E desde que ela se foi... borboletas surgiram em momentos um pouco inexplicáveis.

Uma pessoa que eu jamais imaginei perder tão cedo, aquela mãe que vc ama tanto que imaginar a vida sem ela era algo impossível, fora de questão, e veja onde a vida me levou... pra onde eu mais temia. A gente acha que nunca vai acontecer com a gente, até acontecer. E ver que uma doença ou seja la o que for não ocorre com quem merece ou quem foi sofrido. Ocorre com todos, incluindo as pessoas mais puras e boas.

Faz muita falta, o sonho dela era ser avó... dizia que queria plantar na horta com a netinha, mas sonhos as vezes ficam nos sonhos... na nuvem de algum lugar etéreo... lá ele está.
Sinto por ela não ter tido essas oportunidades... ela merecia viver tanta coisas boa ainda... curtir os netos...viagens... beijos... uma porta de carro abrindo e flores recebidas nas mãos numa noite qualquer... mais viagens... livros publicados e muitas criancinhas lendo.... mais banhos de sol e aperitivos na piscina... olhar pra montanha de neve com o verde das árvores iluminada pelo sol em Interlaken, que quando fui pra lá pensei: minha mãe tem que ver isso um dia!... Mas nem tudo é como a gente quer. Nos cabe agradecer e olhar para o que temos... para o que vivemos.

Não tenho arrependimentos...
Abracei... cuidei... dei flores... cartões... beijei... apertei... amei!

E como disse ela olhando para o altar de uma igreja vazia no meio da tarde, um dia antes de ir pra cirurgia, tão fraquinha que com muita dificuldade andava... se sentou la atras, olhou para o altar e disse com voz de alívio, como que em um suspiro: "Gratidão pela minha vida, Senhor".

Talvez qualquer outra pessoa no lugar dela iria pedir mais e mais... incluindo pra melhorar. Mas ela somente agradeceu, por tudo o que viveu.
Há sabedoria maior que essa?

Que mulher incrível... E como sabia realmente viver!

É e sempre será minha maior inspiração.


segunda-feira, 3 de junho de 2019

O Ser que Somos...

Faz tempo que queria escrever a respeito...

Uma vida. Um ser que se move com seus ossos e músculos...
Que enxerga com seus olhos...
Que fala com suas cordas vocais...
Que sente com as mãos...
Que pensa com seu cérebro.
Que vive com o bater do coração.

São coisas todas materiais, e temos que reconhecer a importância do nosso organismo para existirmos aqui, ele é o veículo pelo qual nossa essência pode se manifestar nas condições físicas desse planeta.

Só que muitos não dão a devida importância ao seu corpo. Não percebem o valor de que são feitos, da veste que lhes foi emprestada um dia e que um dia lhe será retirada, como uma roupa velha que já não é mais possível usar, mas que um dia foi uma roupa nova e cheia de vida.

Mas não é de corpo que quero falar aqui... e sim daquilo que dentro dele está.


Por algum motivo escolhi a imagem de uma nebulosa pra representar o post. Sempre gostei de nebulosas.


Indo direto ao ponto, ao vermos uma pessoa ou animal morto, é possível sentir aquele corpo sem vida, sem energia, sem nada, um completo vazio.
Sempre me questionei a respeito, mas ao ver o corpo físico da minha mãe morto, sem vida... parado, inerte, me fez não só questionar ainda mais, mas ter a certeza de algo. Ao contrário de muitos posts aqui do blog, este não é um post de dúvidas somente, mas de afirmação, de confirmação.

Tudo aquilo que minha mãe "era" aqui fisicamente, de fato se foi. A pele, a voz rouquinha, os olhos azuis, o sorriso dos lábios, o balançar dos cabelos. Sabemos exatamente pra onde foi tudo isso, não existe mais. Quem era aquela Gisele mãe da Angelica além de toda a matéria orgânica que aqui ficou?
A essência dela, aquela energia toda de quem era minha mãe já não estava mais ali.

Somos TODOS feitos da mesma matéria. E todos fomos feitos submetidos ao mesmo projeto de arquitetura e engenharia.
Tendo essa percepção, fica claro... é como um insight óbvio. Mais que óbvio. Nosso corpo é de fato uma "roupa".
Uma veste.
E das mais bem elaboradas!
E ao deixarmos o corpo no momento da morte, nossa veste fica aqui como aquela roupa que já não nos serve mais... furada, rasgada, impossível de ser usada...  como o casulo abandonado pela borboleta.

O mundo espiritual precisa dela pra interferir e viver aqui. (essa frase me veio imediatamente na cabeça enquanto a escrevia).

Mundo espiritual...

Isso me lembra uma outra frase que me veio na cabeça, como se alguém me dissesse, ao observar o corpo de uma conhecida que havia falecido:
"Somos um mundo orgânico dentro de um mundo espiritual".

Mundo espiritual... para os céticos... Energia.

Quase não pensamos nele, não?

Você já se perguntou quem você é, além do seu corpo?

Não vale responder sua profissão, nem seu tom de pele, seu porte físico, muito menos sua nacionalidade.
Quem é a parte do plano espiritual fundida com seu corpo físico?
Quem é o seu Ser espiritual?
O que ele faz aqui?

Sua essência é seu Ser espiritual.

Seriam os sentimentos a sua essência? 
Mas emoções podem ter influência do próprio corpo físico através de substâncias como hormônios, enzimas e uma infinidade de vidinhas do microcosmo. Então, o corpo influencia o seu Ser espiritual? Ou é seu Ser espiritual que influencia seu corpo?
Talvez seja as duas coisas juntas.

E aí que nos deparamos com algo bem complexo, pois há uma fusão de uma engenharia de ponta com uma energia "pensante".

Parece que estou viajando nos pensamentos, mas nunca estive tão lúcida.
É como visualizar algo mas não o saber explicar.

Sabemos que existe um Cosmos infinito Terra à fora... com planos de existência que transcendem inclusive o tempo e o espaço, talvez este mundo espiritual esteja nas entrelinhas de tudo isso (outra frase que me veio imediatamente na cabeça) ou em algum buraco de minhoca (risos!)

E se esse plano existe, que acredito que exista... fazemos parte dele, pois carregamos parte dele em nós.

Olhe-se no espelho.
Feche os olhos...
Sinta...
Quem é você? 
Medite. Sinta seu coração bater...
Sua mente adormecer...e seu Ser falar...
Quem é o outro? A pessoa pela qual nos apaixonamos, que amamos, que temos amizade, quem é o outro além daquilo que se vê?

Nos manifestamos sim através do corpo... daquilo que somos feitos...mas somos muito mais que isso.
Somos muito mais do que aquilo que aqui vira pó um dia.

Quem sou eu além destes ossos, dessa pele, desses órgãos, desse líquido chamado sangue percorrendo o corpo... coisas orgânicas que TODOS temos em comum.
Todos.
Uma vestimenta do mesmo tecido, da mesma forma de costura, de produção, de criação e de decomposição.
Uma veste importante sim, de imenso valor, linda, rica... mas finita. Um dia aqui sem vida ela fica.
E vamos pra outro lugar...

Quem é esse Ser que volta? Que viajará nos planos à fora. Sabe-se lá onde. Lugares se tem de monte.


quarta-feira, 17 de abril de 2019

Mágicas borboletas


No dia 18 de março deste ano, há menos de 1 mês,  tive um sonho curioso e muito revelador.
Só agora tive um tempo para registrá-lo.

O cenário era apenas um simples e antigo chão e um muro de cimento.
Estavam lá eu, meu marido e minha irmã.

Não havia verde algum, apenas aquele muro de cimento envelhecido com partes levemente escuras. Não havia nada, além de uma incrível surpresa...

Borboletas...
Muitas...
Mágicas borboletas...

Eram mágicas!
Bem maiores que o normal, do tamanho de um pássaro.
Surreal.
Não eram feitas da matéria das borboletas daqui... Eram de energia ou outra matéria.

Cada uma diferente da outra... com sua particularidade e especificidade.
Umas maiores, outras menores. Mas todas maiores que o normal em sua maioria.
Algumas transparentes iluminadas.

Mágicas pois tinham uma certa luz, não que elas emitissem luz, mas eram iluminadas... como um led talvez. É difícil transcrever o que vi. Haviam diversas cores, mas muitos tons de roxo, verde, azul, lilás. Cores mais frias.
Não havia nenhuma vermelha ou até mesmo amarela.
Era como as cores da floresta mágica do filme avatar. Talvez seja o mais próximo do que vi, bem próximo na verdade.

De inicio, elas estavam próximas do muro, como se estivessem chegando de algum lugar. Foi neste momento que elas passaram lentamente e interagindo com a gente.
Uma delas pousou na mão da minha irmã neste momento e depois saiu.

Sobrevoavam muito próximas do muro, algumas até mesmo pousadas ali.
Pousadas mais pra baixo do muro, como se estivessem amontoadas, ficando todas próximas umas das outras.
Era como se tivesse algo naquele muro que as fizesse tê-lo como um lugar de apoio, de destino.

E aos poucos foram se concentrando no muro, na parte inferior.
Era como se elas possuissem uma forma de consciência.

Fui até elas e sentei sobre minhas pernas pra admirar e tocar nestas que estavam pousadas ou chegando no muro.

Observei que uma delas ao voar, deixava pequenos pontos de luz cairem... como nesta foto que encontrei na internet, embora ela não fosse como esta, mas sim como no filme avatar.


E agora o mais curioso do sonho...

Do outro lado daquele muro havia um cemitério.
Não vimos nada, mas isso era simplesmente sabido no sonho.
Era como se estivéssemos atrás dos muros de um cemitério.

Não sei de fato o que esse sonho representou, mas senti algo a mais nele... como uma mensagem.

Aquelas borboletas transcendiam qualquer sentimento humano...
Eram muito mais do que simples borboletas.

domingo, 3 de março de 2019

A Grande Tempestade



03.03
"Três do três" como ela dizia..

Não há dia melhor pra falar dela do que o dia que sempre foi dela. Minha mãe!

Quanto à tempestade...
É algo muito curioso.

Engraçado que sentimos de fato quando uma tempestade virá... o vento.... as nuvens...o feeling, há coisas concretas que anunciam sua chegada.

Há também outros tipos de tempestades...
Um sentimento de que uma delas estaria a chegar.

Pensando no caso da minha mãe...
Apesar da doença que ela tinha... ela estava bem quando senti isso.
Tanto que por um momento ao pensar que pudesse ser algo com ela, ja que ela era a única pessoa doente ao meu redor, tirei isso da cabeca pois ela estava muito bem... eu achava mesmo que não seria nada com ela... ou talvez fosse o que eu queria acreditar. Não sei.
Tinha certeza que seria outra coisa que não envolvesse minha mãe.
Pensava... será algo com a minha saúde? Com meu casamento? (sem motivo algum pois estava tudo bem), o que seria aquilo que eu sentia? Algo que eu não fazia ideia!

Como uma angústia.
Um aperto no peito.
Mas extremamente forte. Não apenas uma angústia inexplicável e passageira que vem em um dia e passa (como também já tive as vezes), mas uma angústia que durou muitos dias... talvez poucos meses...
Uma angústia intensa de algo que ainda estava por vir, que mesmo eu estando alegre e bem todos os dias, ela estava ali presente... Era como se eu sentisse a dor de algo que nem ocorreu ainda sem saber do que se tratava.

Lembro-me um dia que saí tomar um café com uma amiga. Contei isso a ela, desse incômodo... usei até mesmo a palavra "tempestade" para me referir a algo que eu sentia que ocorreria.

Algo ruim.
Algo que vem trazendo o caos... tristeza.. perdas.

Mas assim como a tempestade... senti também que haveria uma calmaria.
A paz de uma calmaria... vinda após essa tempestade.

Era muito claro isso pra mim...
Uma futura tempestade seguida de uma calmaria.

Era o que eu sentia.

Como uma certeza... e por isso me assustava... sentir essa certeza. Era tão óbvia e intensa que nem mesmo a questionava,  nem dava margens para eu pensar que seria algo da minha cabeça.
Me lembro mais ou menos quando foi isso... lá por agosto de 2017, que foi a data da minha conversa com minha amiga, mas já estava sentindo antes.... só não lembro o quanto era esse antes.

Minha mãe...

Meu exemplo.
Minha inspiração.
Minha paz.
Meu colo.
Meu tudo!
Éramos parecidas não somente na voz e no rosto...mas na sensibilidade. Sempre fomos pessoas mais sensíveis, embora também ela fosse muito forte. Que mulher forte, boa e positiva.... jamais vi igual. Que pessoa boa... jamais fez mal a alguém, a nada, eram outros que faziam mal a ela. Tanta força e alegria de viver... sempre... sempre. Desde pequena eu a via assim.
A vida as vezes não parece ser justa não é? Leva pessoas tão boas e puras embora tão cedo... outras não tão boas assim aqui permanecem anos...
A justiça aqui é algo independente da realidade das coisas... das ações.
Não é como gostaríamos que fosse.

A tempestade...

Minha mãe, que estava super bem, de repente ficou mal em novembro de 2017 e deixou este plano no dia primeiro de julho de 2018, praticamente 1 ano depois daquela conversa com minha amiga, quando senti que uma tempestade viria.

E de fato foi intenso.
Só pode ser este fato a tempestade que eu sentia.
Uma baita de uma tempestade.

Daquelas de sentir um gelado percorrendo o corpo dos pés a cabeça na conversa com o médico.
Daquelas tão intensas que mal se podia chorar, e sim seguir com força, ou pelo menos tentar... como aquelas árvores resistentes que balançam ao vento procurando não desistir.
Eu estava grávida quando passei por momentos angustiantes com minha mãe mal no hospital.
A pior e a melhor fase da minha vida ocorrendo ao mesmo tempo.

Da pessoa que sempre foi a mais importante pra mim partindo.... e outra que hoje é a mais importante, surgindo.
E mesmo assim eu sorria... de coração, eu sorria. Por ela, pela minha filha que dentro do meu ventre estava, por aqueles que amo... pela Vida.
Nem tudo é como a gente quer. Mas é preciso coragem pra enfrentar de braços abertos o que quer que a vida nos traga.

Jamais me esquecerei daqueles últimos instantes de vida... naquela tarde de domingo.
Aparentemente sem consciência... uma respiração forte, profunda... que foi aos poucos se transformando em uma respiração rápida e seca. Era possível ver o corpo físico morrendo... estava próximo do fim... era como se ela, sua essência... já não mais estivesse ali. Era possível sentir que seu coração pararia a qualquer instante... eu estava segurando em uma de suas mãos quando a última respiração ocorreu. O último suspiro. A última batida daquele coração imenso e maravilhoso.

Eu gostaria de naquele momento após sua partida, ter ficado ali quietinha de olhos fechados ao lado dela, mas a razão tomou conta de mim e imediatamente saí do quarto para avisar os enfermeiros daquilo que já era esperado. E procurei manter todos a calma. Não fiz isso por mim, mas pela minha família que ali estava. Eu não queria que houvesse desespero. Mas me arrependo de não ter seguido a vontade do meu espírito... uma vontade simples. De no silencio, ficar quietinha e orar por ela naquele momento. Mas eu também queria cuidar dos outros. Mas já foi.

No dia seguinte, me deitei na cama assim que cheguei em casa do cemitério. Era possível ver da janela aquele fim de um dia quente e lindo de sol, um dia ruim de sentimentos como nada igual, porém belo aos olhos. Então fui dominada por uma angústia profunda, minha alma se encontrava muito, muito abaixo do chão.
Curioso que aquele terrível sentimento não durou muito. Durou minutos na verdade.
Porque fui novamente dominada por um sentimento... mas um sentimento oposto.
Um sentimento de força.
Imediatamente me veio a imagem da minha mãe na cabeça... dos momentos ruins em que ela viveu, e que mesmo diante deles ela estava lá com toda a sua força. Ela poderia sim estar triste ou chorando, mas estava lá firme e forte, nunca a vi deitava por um momento depressivo. Ela era de carne e osso, sofria sim, mas estava produzindo... inventando algo para ocupar a mente, ou porque tinha filhos e tinha que segurar a situação por eles.

Levantei da cama, haviam louças a lavar... uma cama pra arrumar e uma vida a continuar.

Desde aquele dia segui da mesma forma.
Sou infinitamente grata àquela força desconhecida!

A calmaria...

De fato a calmaria se instalou... por uma paz inexplicável que senti e que ainda sinto. Longe de ser pelo término de um sofrimento por alguém doente num hospital, mas por algo que não sei explicar.
Eu não conseguia viver o drama de um luto. Ele simplesmente não entrava nos meus sentimentos.

E assim a vida continuou...

Minha filha nasceu. E mesmo com uma saudade absurda dela... com lágrimas algumas vezes, eu amamento tranquilamente minha filha nas tarde dos dias...
Saudade infinita, o que mais me dói é além de saber que não a verei mais por toda a minha vida... é o fato dela ter perdido sua vida aqui... todos os planos... as viagens... os encontros que teria... tudo ali encerrou.
Mas é assim. Bem que poderia não ser.

Curioso foi eu ter sentido toda essa chuva e ventos que estavam por vir... Como é possível?

A vida algumas vezes foge de nossas escolhas... não há merecimento aqui, nem justiça... não da forma como deveria ser. Há coisas além de nossa compreensão. Nosso cérebro e mente não captam tudo, muito menos o TODO.
E apesar de tudo, de toda aquela tempestade horrível... me sinto como aquela árvore que balançou, balançou... perdeu folhas e galhos... mas jamais deixou-se cair.

domingo, 27 de janeiro de 2019

O infinito


Faz mais de 1 ano que não posto nada aqui no blog.

Muita coisa ocorreu em um só ano.
2018 conseguiu ser o pior e o melhor ano da minha vida ao mesmo tempo.
Um ano de paradoxos...
Da vida...e da morte.

Em janeiro de 2018 minha mãe ficou mal, descobrimos que sua doença estava progredindo...
Também em janeiro eu descobri que estava grávida da minha primeira filha, uma menina linda por quem sou imensamente apaixonada e amante.
Dia 1 de julho minha mãe nos deixou... partiu desde plano de forma muito dolorosa.
Em setembro minha filha nasceu, em dos momentos mais intensos da minha vida.
É surreal o sentimento que sinto por ela e que também tenho vivido.
Não há palavras pra descrever tamanho amor e cuidado.

Bom...acho que já é muito pra um ano né.
Jamais imaginei superar a morte da pessoa que eu mais amava nessa vida de forma tão "alegre"...é algo surreal que deixarei para um futuro tema aqui no blog.

E falando do INFINITO agora...

Embora sempre citasse ele aqui nos posts,  nunca falei realmente dele aqui no blog.
Ironia pensar que ele faz parte do título desde blog e sempre foi algo que sempre senti e pensei e mesmo assim nunca falei a respeito de fato.

Desde pequena eu já gostava do seu símbolo, um número oito deitado... como algo que jamais acaba...ou que sempre se encontra.
Nas viagens de carro, eu desenhava o infinito no "suor" da janela.
Em alguns dos meus desenhos no papel ou na areia da praia... lá estava ele também.

Eu dizia e ainda digo para aqueles que amo que os amo "infinito" pois não imagino minha vida sem eles mesmo depois dessa vida.

Até por isso sempre gostei de usar reticências nos meus textos aqui do blog, até mesmo onde deveria haver uma vírgula. (já devem ter percebido)... as reticências são como o infinito pra mim...algo que vai além..  algo que nunca acaba.

Dia 11 de agosto do ano passado, 2018, tive um pensamento que de repente invadiu minha mente, além de me dizer: "Claro, Angelica, como você nunca pensou nisso?!"

Foi como um verdadeiro insight! Imediatamente tentei transcrever em palavras tudo aquilo que me vinha na cabeça.

Registrei:

"O infinito nao é um tempo longo contínuo, como horas após horas, anos após anos ou milênios após milênios, mas sim um tempo sem passado, sem presente e sem futuro, pois o infinito é atemporal."
11/08/2018

Refletindo sobre este meu insight de meses atrás... é como se o infinito não fosse um tempo contínuo, mas um tempo parado.
Ou melhor... é como se não fosse um tempo... mas sim uma ausência dele.

Como um vídeo no pause...mas em que tudo acontece durante esse pause.

É difícil compreendermos...
Mas se pensarmos na teoria da relatividade de Einstein... temos um mundo ainda mais desconhecido regido por um tempo específico aqui na Terra, e onde está o infinito no meio disso?

Não sei e nem sabemos o que de fato o infinito significa, isso foi apenas um pensamento que invadiu minha mente.

O infinito... Onde ele está?
Em tudo? E o que ele representa na nossa vida cotidiana?
Sinto que ele esteja nas grandes e nas pequenas coisas... em sentimentos...

Não sei. Só sei que pretendo estar nele sempre...infinitamente.
Ele é a minha maior esperança.