Ainda não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, mas como
são boas as palavras deste juiz.
Anderson Furlan escreveu este pequeno texto em dezembro de
2012 para a agência de notícias ANDA.
Anderson é Juiz Federal, especialista, mestre e doutorando
em Ciências Jurídico-Econômicas pela Faculdade de Direito de Lisboa. É
professor de Direito Tributário da Escola Superior da Magistratura do Paraná. É
presidente da Associação Paranaense dos Juízes Federais. É autor e coautor de
livros e artigos publicados no Brasil e exterior, especialmente sobre Direito
Tributário, Economia Política, Direito Ambiental e Direito Penal.
É também vegetariano.
Sábias palavras...
"Durante muito tempo estive preso em uma armadilha
montada por séculos de tradição aristotélica e impulsionada pelos desvarios do
capitalismo selvagem, ou seja, aquele que não se importa com ética, moral,
valores e princípios, mas apenas com a maximização dos lucros. Por muito tempo
fui enganado.
Deixaram-me atrás de um muro conceitual que separava o mundo
entre nós e eles.
Enredaram-me na teia filosófica para que eu acreditasse no
mundo desenhado pelos gregos antigos e pintado pelos doutrinadores cristãos, no
qual até mesmo o canto dos pássaros existe apenas para alegrar os ouvidos dos
animais humanos.
Tentaram me enganar com essa conversa de alma, que apenas
nós seríamos a imagem e semelhança Dele e por isso nossa dignidade (somente a
nossa) seria transcendental.
Impuseram-me leis nas quais a morte de centenas de animais
não se compara à violação de um cadáver humano, à sobrevida de um zigoto ou aos
direitos de uma empresa.
Fizeram-me compactuar com posturas de ódio extremo, que
escravizam, encarceram, exploram, humilham e por fim massacram milhares de
seres cuja única ambição era continuar vivendo em liberdade e juntamente com os
seus.
Fizeram-me acreditar em uma pseudo-ciência financiada pela
indústria do leite e da carne.
Esconderam de mim os locais de massacre e desde criança me
apresentaram os produtos da dor e do horror embalados e adornados por alegres
figuras antropomórficas.
Roubaram de mim a possibilidade de saber o que é certo e o
que é errado.
Felizmente, mas assombrado, um dia compreendi que não existe
diferença entre nós e eles. Somos todos seres vivos, com medo da dor e da
morte, dividindo esse breve átimo de tempo nessa vida, nesse pequeno e
insignificante planeta.
Percebi que não é certo e afronta minha dignidade satisfazer
um gosto ou agradar ao paladar, motivos tão pequenos, à custa da dor e
sofrimento de outros seres vivos. Que o fato de sermos diferentes, falarmos
línguas diferentes, vivermos em mundos diferentes, em absoluto não significa
que possamos abusar deles. E que não faz muita diferença fazer pessoalmente ou
pagar para outros fazerem esse trabalho sujo, o resultado é sempre o mesmo; se
o sangue dos inocentes não está em minhas mãos, certamente estará em meu
estômago, nas minhas roupas ou nos produtos que uso.
Hoje eu sei que a crueldade e o ódio não mais habitam em
mim, nem devo compactuar com qualquer forma com que eles se manifestem. E para
que mais pessoas possam começar a tentar aprender e compreender a verdadeira
essência da realidade circundante, existe a ANDA (Agência de Notícias de
Direitos Animais), que presta um valoroso e inestimável trabalho de divulgação
de notícias sobre os animais, sendo um centro irradiador de elementos para
tomada de uma nova postura ética e moral."
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