Fim de tarde... Outubro de 2017 |
Longe de querer perder tempo de vida falando na morte, mas é por uma válida reflexão.
Uma reflexão de vida e positiva.
Por que nosso corpo, a textura da pele, timbre da voz, brilho dos olhos, dos cabelos... por que tudo isso é tão importante se um dia deixaremos tudo isso pra trás? Um dia seu corpo estará sem vida, e na terra ou no fogo se dissipará.
Talvez nosso espírito seja o X da questão. Talvez seja ele nosso maior bem, pois acredito que ele continuará.
Por outro lado, é através do corpo que vivemos, que respiramos, que experimentamos sentimentos e sensações que sem ele não poderíamos sentir. É tão complexo tudo isso que meus pensamentos estão a mil por hora, impossíveis de serem transcritos apenas em palavras aqui.
Parece um paradoxo...
Um tremendo paradoxo.
Temos que cuidar de algo que é essencial pra nossa sobrevivência aqui, mas é justamente esse algo que não terá valor algum um dia, e lá estará inerte completamente sem vida, abandonado, não no sentido de esquecimento, mas em ser deixado para trás por toda aquela energia que o movimentava.
É... parece mesmo que há algo ainda mais valioso.
Algo que para algum lugar irá... e valor também temos que dar.
Quando olho para minhas unhas, olhos, pele... me incomoda saber que são finitos, breves. Por que as pessoas dão tanta importância à tudo isso nos outros? Que superficial, não? É como se não enxergassem o profundo, o essencial. Eu mesma estou tentando exergar meu próprio "Essencial", não é um trabalho fácil. Quem sou eu além do físico?
Gostaria de enxergar, mas ainda não consigo. É complexo.
Ao mesmo tempo que me incomoda, sei que assim deve ser... e que sempre foi, desde que o mundo é mundo. E então um novo olhar abre uma grande porta.
Nela há tudo aquilo de que realmente somos feitos... uma energia infinita com incontáveis lugares a vivenciar... só que de uma forma diferente. Não sei o que há, mas me parece um pouco "lógico".
Talvez o que vale seja estar ciente dessa perda que um dia teremos, a perda do nosso próprio corpo. Mas que saibamos valorizá-lo, cuidar sim das unhas, dos nossos órgãos, olhos, cabelos e pele... buscar sentir, de maneira profunda e não superficial, tudo aquilo que nossos sentidos podem nos proporcionar... para nos elevar.
Talvez precisemos desses sentidos proporcionados pelo corpo físico para que nossa alma vivencie o que precisa vivenciar para evoluir.
É como sentir aquela brisa tocando o rosto... traz a sensação de paz, a alma de alguma forma sente.
Sentir a pele macia da minha filha me energiza.
Um lindo pôr-do-sol parece penetrar nos olhos e encher a alma de vida.
Uma bela canção pode tocar não somente nossos tímpanos, mas todo o nosso Ser.
O perfume de uma flor parece nos conectar com a natureza.
O salgado da água do mar, o mesmo daquelas lágrimas de alegria... nos faz sentir vivos.
Nossa alma com certeza vivencia isso. E talvez ela precise disso ainda mais que o próprio corpo.
Talvez por isso sempre gostei tanto da transcendência das coisas... pois ela é aquele vôo que nos faz tirar os pés do chão pra vermos o céu de perto, é como beijar as nuvens sem sair do lugar.
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